segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

...


Quero estar fazendo amor com você quando esse prédio desmoronar.
Tudo está desmoronando. Caindo, derretendo. Vira pó de estrelas. Poeira galáxica.
O leite derramado da via láctea, me faz chorar de vez em quando.
Às vezes o vento abre as cicatrizes que estavam quase curadas. A chuva lambe o rosto e disfarça as lágrimas. Nada de novo; tudo de novo, como dando voltas e mais voltas em um oito.
O asfalto distorce o horizonte e cria poças de água que evaporam quando a gente chega perto. Não dá pra beber. Mas teve uma que não sumiu. Quando tentei pisar, não havia chão. Escorrego pelo limo até me ver envolto em água gelada. Lá estou brincando coma as bolhas de ar. É um bom mergulho , pois consigo respirar. Estou sonhando, e a descoberta disso não me faz acordar. Eu vou ao fundo até ver a escuridão, com peixes de lanterna no nariz e bocas de portão elevadiço. Dou uma subidinha, deixo entrar um pouco de luz. Bem ao longe um vulto. Cresce rápido demais, tenho medo. Um tubarão baleia curioso se aproxima. Ele vem com algumas águas vivas lhe fazendo reverências em círculos para ele passar. Só mais um homem perdido no mar, disse ele ao se afastar.