terça-feira, 26 de outubro de 2010

Baile sem máscaras

A música convida
Então põem-se a bailar

Não há nada a temer
Até o amanhecer

Os passos que ensinei
Aprenderam bem

Está tudo girando
Nem todos cantando

E nessa dança que eu propus
Os passos que eu passei;
de repente eu já não sei

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

desculpe...
desculpe por estar me desculpando,
por não conseguir ser feliz o tempo inteiro...
por meu orkut não ter fotos que mostram como a minha vida é espetacular...
desculpe por não querer comprar,
por não saber voar...
... por não ter um buddy poke...
desculpe por não gostar do mundo do jeito que ele é,
por não conseguir fugir dessa premissa,
por não me encaixar no seu jogo...
desculpe, não comentei nas suas fotos,
não virei seu fã,
nem ao menos olhei seus recados...
desculpe por não responder a tempo,
mesmo tendo tempo...
desculpe por não contemplar o seu perfil...
por não ter o perfil da empresa,
por não ter fotos de perfil
desculpe por não saber rir com os dedos,
pela falta do interrogação,
pelas muitas reticências...


desculpe, não felicitei em seu aniversário,
por não ligar o computador

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Você sabe que eu não sei?

Sabe que estou bem confuso , bem noiado com tudo que acontece por aí....
é um troço bem conflito, bem sofrido que andam espalhando bem ali
na cabeça, o que não está dentro dela é muito pouco;
somente algumas lembranças de pessoas que não conheço...
somente passados recentes vêm até mim...
Não sei pra onde olhar, se vou chegar, se vou saber
reconhecer, talvez, caminho certo, passagem curta ou dolorosa, tortuosa ou líquida
tanto faz...
Soluções se encontram por ae, para esse mal, pelas farmácias e botecos de esquina
igrejas pagas ou gratuitas, supermercados e salões de beleza;
mas não passa
E como se compra mesmo a cura pro fim?
Em que farmácia?
Ah... deixa pra lá... vou jogar fazendinha no orkut que eu ganho mais...

quinta-feira, 15 de julho de 2010

O circo chegou

O picadeiro está montado. A jabulani parou de rolar e todos estão de volta as suas vidinhas medíocres que, por mais incrível que pareça, é quase a mesma coisa de antes. Os palhaços, com suas bandeiras coloridas e com símbolos de marketing, dão os últimos toques na maquiagem que cobrirá o pinho. Muitos estão ansiosos, mas eles sabem que só dois têm chance. Sabem que muitos irão só fazer número nesse espetáculo com ar de gincana colegial no qual ganha quem conseguir mais botões apertados naquelas caixinhas brancas que apitam. Eles tecem o paraíso à cores e definições em HD quando, se passarem pelas provações de debates de televisão e o escambal, estão entrando, na verdade, no inferno em Terra firme onde, o que pretendiam, fica na intenção, se não era realmente uma lorota. Lá dentro, propostas são expostas como carneiros assando em fogo brando, esperando a disputa no par ou ímpar para ver quem abocannha o melhor filé. Grupinhos de bulling emergem de todos os lados e começa um grande banquete de pizzas de mais variados sabores, desde mico leão dourado do amazonas, à baleias do mar do Japão.
Não adianta quebrar as janelas para tentar entrar lá, temos é que chutar os pilares, de uma vez por todas.

terça-feira, 29 de junho de 2010

Joe

Hey joe, onde você vai com essa merda dessa arma aí na sua mão?
Por acaso matará algum animal pra te servir de alimento?
Acaso irá comemorar o ano novo, natal, ou algo assim?
Vai atirar em algum pássaro pra que nunca mais tenha o gosto de voar?
Hey Joe...
Hey Joe...
Ficou maluco das idéias?
Será que chegou a tanta raiva que é disso que precisa?
A que ouvidos pretende perturbar com esse trovão em seu indicador?
Quem lhe causou tanto mal pra que você ,com simples, ato seja fatal?
Tirar-lhe o brilho dos olhos de nada servirá
Hey joe!
Vai tocar a tua guitarra, pairar nos ares como fumaças densas
Caminhar milhões de milhas sentido mar de gente, corações
Sentimentos tranbordados traduzidos em frequencias distorcidas
Eu sei, eu sei...
Mas o que importa é sermos felizes.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Fora de casa III

A brisa então que batia no seu rosto, de leve, de repente fez-se um vendaval. As mesas e os papéis voavam e quando iam se perder de vista pareciam mais borboletas de origami a bailar na tempestade de cores neon. Começou a encorpar a ventania, e ele já não conseguia seguir em frente.
Quando saiu do delírio, deu-se por conta que empurrava seu corpo contra um muro de concreto; não havia vendaval algum. O muro era espesso e continha fendas por onde conseguia espiar o outro lado, e o outro lado também conseguia vê-lo. Mas quem eram os outro do outro lado? Que que estavam fazendo ali? Por que eu não posso ir adiante? E finalmente: mas quem foi o filha da puta que pôs essa merda desse muro logo quando eu quero dar uma caminhada pra tentar curar uma bad trip em pleno domingo de Faustão na televisão? Os do outro lado observavam em silêncio.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

declaram-se os inimigos
escolhem-se as armas
quem é o melhor?
quem vai vencer?
e é guerra de novo
e vamos lutar!
e tudo acaba no mesmo lugar:
vote aqui

...

eu já estive lá...
já estive aqui...
e hoje eu lhe digo:
estou nem aí...

voe...

terça-feira, 13 de abril de 2010

Fora de casa II

Saiu de casa com os olhos e as pupilas bem abertas, embora no céu despontasse um sol de quase duas. Pareciam duas jóias pretas cintilantes, a observar o mundo novo que se lhe apresentava.

Parecia tudo a mesma merda de sempre, mas o que o embasbacava era o modo como encarava as coisas. Começou a ficar de cara com os anúncios e outdoors que via pela frente. Caminhando em cima daquela faixinha amarela que divide os carros que vem e que vão e olhando para aquelas imensas placas de compensado, sentiu-se desconfortável. De deslumbrado o seu rosto foi se franzindo em rugas pela testa, até ficar semelhante às expressões de dias em que foi chutado embora do trabalho por beber demais e acabar acordando com o despertador do celular já avançado nos sonecas, em um algum lugar que não se achava na memória.

Estava a beira de uma das piores bad trips que já tinha sentindo, mesmo ainda não sentindo ele sabia disso. Ficou ofegante, transtornado, desconcertado. O pavor começou a subir pela suas pernas como se tivesse pisado em um formigueiro, e sua visão foi ficando escura. Fechou os olhos e tentou se concentrar em sua respiração. Já tinha passado por isso antes e saído de boa, mas nunca tinha sentido assim tão forte.

Então foi tudo se acalmando. As buzinas nervosas foram diminuindo o volume. O calor infernal deu lugar para uma brisa matinal.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Fora de casa

Estava puto da cara, se batendo por qualquer coisa que o tirasse daquilo. Não estava entendo nada de porra nenhuma sobre onde estava metido. Caído, mal, interrompido. Pegou aquela seringa e botou tudo o que tinha que desse um barato diferente daquela realidade, daquela merda toda. Jogou fora o cigarro e mandou ver na mistura. Bateu com o indicador e o médio na veia mais gorda do meio de seu braço. Sentiu a picada. O ferrão da fada madrinha rompeu o tecido ainda vivo, então ele pode sentir. Um calor elevou seu coração a um êxtase de criança ao nascer. Seu corpo se ergueu no ar e toda sua musculatura sumia. Felicidade em litros. Prazeres divinos se acumularam e foram disparados contra a alma do infeliz causando um terremoto seguido de tsunami dropado com long board de madeira. Ao sair da vaca o cara ficou burro, mais chapado que o zorro, porém não mais o bastante para não amarrar um lenço à cabeça. Perdeu completamente o raciocínio. Estava fora da casinha. Depois disso, foi dar uma banda, antes que ficasse de cara novamente.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Internet I

Primeiramente, gostaria de logo na primeira linha esclarecer que escrevo esse post diretamente de onde eu trabalho. Trabalho? Bom, na maior parte do tempo, não. Mas, mesmo assim, é desse escritório clean que estou digitando. E a razão para esclarecer isso é a de avisá-los de que não esperem nada demais desse post, a não ser algumas palavras ao vento. Pois é do extremo ócio que mando esse post e ele provavelmente não terá nada de criativo, ou uma sacada genial, nenhum videozinho engraçado, muito menos fofinho, como os inúmeros vídeos de gatinhos fofinhos que tem no Youtube. Tem tantos vídeos fofinhos que chega a dar raiva. Conseguiram fazer coisas piores que aquelas mensagens irritantes feitas no power point, do tipo "carpe diem". Como eu odeio aquelas coisas. Ainda mais quando são religiosas e a última e derradeira frase que aparece depois de toda a lenga a lenga é "passe essa mensagem para as pessoas que você ama" e blá blá blá blá, blehhh. Eu vou é proteger qualquer pessoa dessas mensagens, mesmo aquelas que eu não gosto.

Mas tem algumas bobagens interessantes no Youtube, principalmente depois que você descobre
que praticamente tudo que um dia foi televesionado estará lá, no máximo, no dia seguinte. É impressionante, mas sempre tem alguém disposto a gravar as coisas e colocar lá, o mais rápido possível. Me parece uma competição. A primeira coisa que viciei foram as aventuras fantásticas, trágicas e sanguinolentas dos Happy Tree Friends. Litros e litros de sangue em desenho animado pode não ser lá muito educativo, mas dou minhas risadas. É uma coisa patética de simples. Humor macabro, mas ainda assim, é humor. Melhor que essas mensagens desgraçadas de auto ajuda que vêm pelo correio eletrônico.

Ando mais navegando entre pedaços de shows, daqueles dvds que você acha na loja, mas são muito caros. Aliás, os caras estão putos com a disseminação desse material. Estão caçando muitos vídeos. Uma hora você vê um bom show ou uma raridade de imagem, e no outro dia, já foi tirado do ar por direitos autorais. Ultimamente tenho assistido aos shows de rock , (quase nada de coisas novas, a música de hoje tá uma merda, alguns amigos têm me apresentado coisas boas até, mas nada como som velho) e de futebol. De repente todos os gols do mundo estão lá, de todos os jogos que a tv se interessou em passar, e até mesmo as peladas do final de semana, todos eles estão lá. Então com alguns cliques você consegue ver o mesmo jogo, por cinco emissoras diferentes, e analisar os comentários de todos os cantos no mundo. Tenho gasto muito tempo como espectador de futebol - sim, porque jogar que é bom, nada - e isso me irrita. Eu simplesmente me pego vendo todos os vídeos que encontro pela frente sobre meu time do coração, e sobre os próximos adversários dele, e como foram as campanhas dos campeonatos passados, e entrevistas, e comentários e tudo mais que estiver nos vídeos relacionados. E a coisa ficou pior: me flagrei esses dias discutindo e tentando passar uma mensagem de menos ódio aos caras que comentam logo abaixo dos vídeos. Se continuar assim, meu futuro nem o demônio sabe.

Escrevendo esse monte de besteira percebi que posso falar agora sobre uma coisa mais interessante. Eu confesso que levava mais boa fé na internet. Pensava que as pessoas finalmente teriam acesso a cultura e informação independente. Me alegrava ao saber que a gurizada de hoje poderia conhecer todo o rock dos anos sessenta, e tudo o que mudou depois disso, na música e no mundo inteiro. Que conseguissem ler os clássicos e virar as páginas com o toque de um botão. (Embora eu não tenha me habituado muito a ler as coisas na tela, acho um saco e meus olhos ardem muito). E que os filmes imperdíveis não se teria mais como perder, era só escolher e ver.
Doce iliusão otimista. Cadê as bandas com garotos influenciados por toda a música boa que se pode baixar? O que eu tenho visto é que as rádios se especializam cada vez mais em revelar merda. O que dizer dessas bandinhas emocore que tem por ae? É, realmente é de cortar os pulsos, mas não pela música ruim que fazem, o que, sinceramente, já bastaria, só de ouvir os primeiros acordes, mas por ver que o pessoal mais novo tá ouvindo isso antes de sequer ouvir qualquer banda britânica.
Cadê o novo escritor brilhante que engoliu todos os clássicos e os não clássicos em pdf e, quando vomitou, saiu o novo Camus, ou um Dante pós moderno, nem que seja pra inserir o internetêz na literatura atual ( me perdoem por isso).
Cadê o novo? Cadê o inovador? O diferente? O surpreendente? Será que vai ser como sempre e só vamos perceber o que realmente mudou, quando os historiadores estiverem registrando a história que se passa hoje daqui um século?

O pior de tudo é que essas coisas novas existem, e que não aparecem como deveriam. Não estão na tv aberta, aos domingos, nem nos sites de maior acesso. Tem que garimpar. Mas a merda é que se tem uma cultura em que impera uma lei. É a lei do menor esforço.
Simplesmente não há interesse. Continuam vendo novela, filmes ruins, programas de fofoca, e qualquer outra coisa que se passa nessa caixa emburrecedora de pessoas. Gente pequena e de pensamento menor ainda conseguem agora se encontrar e proliferar sua ignorância nessa rede confusa. E enfim, a coisa não tá acontecendo conforme o sonho bom que tive, de que o negócio ia melhorar. Parece que tá ficando pior.
Desculpa por todo esse besteirol, misturado com desabafo. Mas, como eu disse, só palavras ao vento.