sábado, 20 de junho de 2009

Fama pra que te quero

Difícil é ficar famoso por aqui. O pessoal faz de tudo. Literalmente tem que rebolar. Se tiver o “talento” necessário para isso, basta adotar um nome de fruta e arranjar um bom contato que a coloque nos interessantíssimos programas de sábado à tarde na televisão aberta. A lente olho de peixe e o ângulo já consagrado em baixo das saias realçarão o “potencial artístico” que uma fotografia menos intimista poderia esconder.

E que importância tem esse “bom contato”; alguém que saiba o telefone de alguém, que conheça um, que trabalha em tal lugar, que é amigo de outro, que pode tentar chegar o mais perto possível do ser iluminado que vai conceder a fama tão cobiçada para o até então desconhecido. Depois do demorado processo, tem-se cerca de um mês para elaborar um espetáculo de 30 segundos. O horário é “nobre”, claro, por isso; escasso. Caso trate-se de literatura ou música, o procedimento é diferente: o apresentador balofo do programa dedicará cerca de meio segundo, ou quem sabe até segundo inteiro divulgando sua obra, juntamente com mais 33 sucessos da nova ordem artística. Para os desesperados que esgotaram todas as possibilidades de estrelato nesse horário, a esperança agora pode ser depositada nos herdeiros dos famosos frustrados: com uma câmera amadora, grava-se seu filho, de óculos escuros, trocando a mamadeira pelo microfone, ou simplesmente chutando o saco de seu pai enquanto treina para ser o novo fenômeno do futebol.

Porém, para os que levam a sério a máxima de que o brasileiro nunca desiste, ainda resta a heróica opção. Mas ela é tão difícil de acontecer, tão difícil, que só pode ter a predestinação ao estrelato como explicação aceitável. A questão é estar, como todo bom início de carreira, no lugar certo e na hora certa. Em outras palavras, no avião certo e na hora final. A passagem sem volta é somente para os sortudos que com o fim de suas vidas alcançarão a glória da reportagem de última hora, do especial no horário nobre, da comoção nacional. Os segredos por trás do desastre tomarão conta das discussões de esquina, das revistas de fofoca, dos comentários oportunos da falta de assunto. Enfim, findados todos os ganchos para os próximos capítulos do drama, aí destacando-se a caça a caixa preta, o quebra cabeça encantador desenvolvido e publicado pelos especialistas em computação gráfica a cada pedaço encontrado, assim como posteriores filmagens de enterros simbólicos; tudo será reunido e reconstruído cenograficamente, nos mínimos detalhes, para homenagear e confortar as famílias das mais novas celebridades garimpadas por nossa atenta mídia. Eis a fórmula certeira da fama.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

O primeiro

Que encrenca arrumei! Resolvi abrir um blog. Você sabe, essas páginas na internet que as pessoas usam para ficarem famosas, entre outras coisas, como transcrever suas vidas em formato html, resmungar publicamente sobre o que convir, expressar suas opiniões, derramar seus desabafos, alegrias, angústias, expectativas, enfim, o que der na telha, como me aconselhou uma amiga, depois que pedi umas dicas de como usar essa modernidade.

Tamanha é minha inspiração nos últimos tempos que o blog está aberto há uns dois meses, no mínimo, e até este post; nada. O problema também reside no infortúnio que é ter idéias em momentos inoportunos. Porém, infelizmente tenho de confessar que são neles que mais ocorrem essas idéias, pensamentos que ficariam melhor escritos do que mal talhados na minha memória que é altamente seletiva, e que teima em selecionar as coisas erradas.

Primeiramente, gostaria de tentar explicar o porquê desse blog, e , ao mesmo tempo tentar dar uma significância a mais a ele, já que o fiz, a princípio, com a intenção de exercitar a minha escrita. Sinto que tenho muitas idéias que considero boas para textos -algumas nem perto disso chegam- mas nunca ou muito pouco as ponho para fora. De tanto acúmulo, meu médico interior, aquele que todos têm, e que geralmente nunca está de acordo pleno com o diplomado, dizia que eu precisava de uma válvula de escape. Então, depois de ver algumas coisas não muito interessantes por esse mundo virtual, pensei; por que não? Resolvi abrir a janela e começar a falar, seja lá o que sair, para que o vento carregue tudo isso para algum lugar, seja lá onde for.

Até mais!