O direito de protestar é uma licença poética
Não se pede a ninguém e não pode ser negado
simples assim: um direito irrecusável
Mas, existem mal intencionados, mal sabidos e mal amados
que não entendem de poesia
Não que fosse uma obrigação amar os versos
mas não devemos nos privar do sentir
Não devemos nos privar de perguntar
novamente os porquês da infância
que nos foram negados
na esperança de manter nossa inocência
Não podemos esquecer de manter na ativa
as nossas perguntas mais banais
não falo da procedência da cerveja
nem do porquê temos desejos carnais
Falo dos porquês fatais
das perguntas perigosas
principalmente das que não tem resposta
quinta-feira, 30 de maio de 2013
domingo, 21 de abril de 2013
Sobre feudos
No Reino de Porto Alegre, tudo vai de
vento em bunda. O Rei, quando não manda , desmanda, quando não ri,
ao menos balança a pança. Corta gasto, corta pau, corta onda. Ele
é seu próprio palhaço da corte, contando piadas já rindo. Tirando
fake-fotos de ciclovias de mini-mundo e pseudo reunião de cc's de
seu cu.
Os grandes injustiçados do Reino são
paredes que não gostam de ler e vidros de coração partido. Vítimas
dos mascarados violentadores de seres não vivos, têm em Nazier seu
principal porta-voz e defensor.
- Ora! Pra que servem as árvores?
- Indaga o Rei Castor- Se não é pra trancar tudo, então de nada
servem! Cortem a cabeça! O frio está chegando, preciso de lenha
para minha lareira.
A corte é composta por carros
nervosos, porcos saudosistas, ovelhas de Deus e tatus gigantes.
Cochilou, vila incendiou. Vacilou, estacionou. Dormiu de toca, está
calada a boca. Primeiro de abril; privatizei e tu nem viu. Sorria,
você está sendo fichado. Escreveu, leu, mas meu canal desmereceu.
É o que se ouve nos saraus. O costume ao meio dia é o jornal do
almoço. E a vida segue, menos em horário de pico...
segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013
...
Quero estar fazendo amor com você
quando esse prédio desmoronar.
Tudo está desmoronando. Caindo,
derretendo. Vira pó de estrelas. Poeira galáxica.
O leite derramado da via láctea, me
faz chorar de vez em quando.
Às vezes o vento abre as cicatrizes
que estavam quase curadas. A chuva lambe o rosto e disfarça as
lágrimas. Nada de novo; tudo de novo, como dando voltas e mais
voltas em um oito.
O asfalto distorce o horizonte e cria
poças de água que evaporam quando a gente chega perto. Não dá pra
beber. Mas teve uma que não sumiu. Quando tentei pisar, não havia
chão. Escorrego pelo limo até me ver envolto em água gelada. Lá
estou brincando coma as bolhas de ar. É um bom mergulho , pois
consigo respirar. Estou sonhando, e a descoberta disso não me faz
acordar. Eu vou ao fundo até ver a escuridão, com peixes de
lanterna no nariz e bocas de portão elevadiço. Dou uma subidinha,
deixo entrar um pouco de luz. Bem ao longe um vulto. Cresce rápido
demais, tenho medo. Um tubarão baleia curioso se aproxima. Ele vem
com algumas águas vivas lhe fazendo reverências em círculos para
ele passar. Só mais um homem perdido no mar, disse ele ao se
afastar.
terça-feira, 22 de janeiro de 2013
o bem e o mal
Capitão América passeia com seu pequeno monstrinho na coleira.. Ele é adorável, o monstrinho. Muito obediente e com muita energia. Bem treinado, ele executa tudo o que lhe ordenam com precisão militar.
"Senta! Rola! Finge de morto! Vivo! Carinha de carente!" Tudo perfeito; sem um "au"...
E o mais mais importante: "PEGA!"
A criatura pula em cima da vítima escolhida pelo Capitão. A pessoa se debate, tenta se livrar em vão, implora por socorro.
De longe, o Capitão acerta um tiro de sua Barrett M107 bem na cabeça do monstro, socorre o pobre coitado e colhe os louros.
"Bom garoto!", ele diz para si mesmo.
terça-feira, 1 de janeiro de 2013
Papo de bar
- Se
os poemas vivessem na calçada, seria bem mais fácil...
Ele
disse isso entornando seu quarto caneco de cerveja. As luzes amareladas
deixavam o seu sorriso bizarro. Restos de calabresa luziam daqui e dali... Deixavam-no
até que muito sincero. Não recomendável em determinadas ocasiões. Ficávamos
alguns momentos sem assunto. Mas nas vezes que desenrolava, íamos até altas
horas da madrugada a vociferar teorias sonhadas em delírio, álcool, e
maconha...
- Eles
nos chamam de vagabundos! Maconheiro eu
até aceito, de boa. Mas eu trabalho e estudo sabe? Não é bem assim.
Já não
sabia articular suas ideias como no início da noite, mas estávamos num lance
quase telepático. Entre anedotas sobre a festa anterior e pensamentos idiotas
trocávamos alguma coisa de realmente construtivo, ou não.
- Trabalho
de base! Trabalho de base!... eu repetia soluçando...
- Eu
sei... Tem que ser geral... dizia ele...
- Agora
eu vou dizer uma coisa.... Você está pronto para morrer??
- Ora...
no fundo todo mundo tem medo de morrer... até os chamados "bela
morte" por ae...
- Os
vagabundos que eles chamam... Quem nos chama assim mesmo? São alguns poucos,
não é?
- Não,
eles são muitos, por toda a parte, você olha para o lado e acha alguns. Ainda
mais se for gente da família.
- Muitos
ou poucos suas caixas de som são muito mais efetivas que a nossa voz abafada de
choro... Eles têm aqueles caras engravatados, bem penteados e maquiados, em
excelente resolução, e som surround, alguns até em 3D, live stream, HD, full
não sei o quê e essa porra toda. Cara! Eles têm tudo que se precisa! É só
querer e pronto! Caíram todos em suas lábias sinceras, seus olhares confiantes,
e suas vozes remasterizadas!
E
depois, meu caro, o que acontece depois!?! Lindos e deslumbrantes comercias de
cerveja e suas mulheres gostosas! E depois? Mais lindos e pitorescos comerciais
de carro! Também com suas mulheres lindas... Mas elas têm um diferencial das
geladas! Elas têm certo estilo que só um homem com um carro daqueles conseguem
ter! Afinal, muitos podem comprar cerveja, mas carros, ah... nem tanto... você sabe...
No ar,
tenta catar uma moscam que se aproximava de seu novo copo cheio... Dá uns ou cinco goles profundos e
continua...
- É
assim que eles fazem, meu... Pegam o seu sonho e colocam a favor deles, quando
não dizem o que você deve sonhar... sim, sim... eles têm gente pra isso... Eles
estão fazendo isso como um emprego comum em que pensam estar ganhando o seu pão
honestamente... Você sabe, nessa merda toda estamos todos uns em cima dos
outros e muitos não percebem que sua alegria pode ser o suor do outro...
Está
tudo bem atado, para que ninguém se mexa... e tão bem atado, mas tão atado, que
ninguém percebe que está preso a esse tecido grosso... envelhecido e
fortalecido por nossos sonhos abandonados. Isso é que é um bom nó, não? Como eu
disse... eles têm gente pra isso, pessoas formadas em boas faculdades... Com
grande conhecimento das técnicas, truques e manhas pra fisgar seu cérebro
direto para um freezer lotado de geladas... Nós bebemos, não é mesmo? E não é
pouco... mas é um vício, eu admito, e vícios são ruins.... os vícios do homem,
acho que é isso o que move toda essa merda.... bom, acho que estou
simplificando demais, talvez um pouquinho... Quem sabe? Nós!? Nossos amados
deuses!? Nossos homens engravatados da TV?
Mais
uns goles. Um arroto.
- É
isso! É isso! Todos pensam que os homens da tv têm razão! Todos acham que falam
verdades! Quando são só desculpas para vender o que passam nas tantas mil horas
de comercial...
Novela pra vender antidepressivo...
Fórmula um para vender carros...
Desenhos para vender brinquedos... (pobres
desenhos...)
Mulheres para vender cerveja...
Cerveja e carros para que se pague mais multas...
Mais multas, mais policias na rua, multando mais, em
mais pontos da cidade... Protegendo o produto que a televisão vende e assim vai
indo até foder tudo de vez! De vez! Desta vez, não teremos vez...
O
atendente nos lança um olhar do cão e diz que vai fechar a bodega.
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