De dentro da cabine de leitura
(uma escrivaninha fechada na frente e nos lados, de compensados pintados de
cinza), fico pensando se é esse o último recurso desesperado para quem não
consegue mais se aproximar de um texto acadêmico sem estar sob pressão de uma
avaliação tradicional institucional.
Que bela paisagem! Eu admiro, em
pensamento. Compensados em cores monótonas, concreto, canos, fios e luz
produzidos com recursos não renováveis e altamente poluentes. Que sensibilidade
que nos provoca essa linda visão! Deve ser assim que conseguiremos resolver
qualquer problema: nos fechando numa
caixa e lendo tudo o que já foi dito, redito, reeditado, revisado, restaurado,
criticado, reinventado, misturado e fatiado e um pouco melhor encaixado no
quebra-cabeças inventado por nós mesmos. Saber sobre a verdade a mim me parece
impossível embaixo de todos esses papeis.
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