terça-feira, 17 de novembro de 2009
Mercenário profissional
Profissional: aquele que faz as coisas por remuneração
Explique-me, então; "amor à profissão".
Seria amar fazer as coisas por dinheiro?
Amar ganhar dinheiro?
Mas amar não é amar incondicionalmente?
Amar e receber amor?
Não é, então, um amador aquele que ama?
Então não é amor, o amor à profissão.
domingo, 1 de novembro de 2009
Vai e vem
O infante.
Novo, fresco,
vivo, ardente,
curioso, travesso;
lindo.
Busca tudo,
quer tudo,
quer saber,
ama, estranha.
Grita, berra, reclama.
Explode a revolta
a qualquer "não" dito.
Se foi do mundo ,pois,
pobre velho.
Feio, frio,
calejado, impotente,
cansado, só,
morto.
De tudo o que quis
quase nada teve.
Soube que não sabia
nada realmente.
Amou poucos.
Se acostumou com a dor
e agora já não chora.
Cala. Contém.
Resmunga palavrões ao vento
e ao inevitável fim de tudo diz "sim".
sexta-feira, 4 de setembro de 2009
Loucos são os sãos.
Posso sentir várias coisas ao mesmo tempo, o caminho do nosso coração é coberto de sombras, precisamos ouvir as vozes que nos parecem inúteis. Precisamos encher as orelhas e os olhos de todos nós com sonhos, com coisas de sonhos. Precisamos alimentar o desejo e esticar os cantos da alma como um lençol sem fim.
Se querem que o mundo vá adiante devemos nos dar as mãos. Precisamos mesclar os ditos saudáveis com os ditos doentes.
Vocês sãos! O que significa sua saúde? Os olhos da humanidade miram o abismo no qual estamos todos mergulhando. A liberdade é inútil se você não tem coragem de olhar em nossos olhos, de comer conosco e de beber conosco. São os ditos sãos que levaram o mundo a beira da catástrofe. Homens escutem!
Grandes coisas acabam, só as pequenas permanecem. Basta observar a natureza para se ver que a vida é simples. Precisamos voltar ao ponto onde tomamos o caminho errado. Precisamos voltar ao fundamento da vida sem sujar a água. Que tipo de mundo é este se é um louco que lhes diz que devem envergonhar-se?! Ó mãe! O ar é aquela coisa que se move em torno da cabeça e se torna mais claro quando você ri.
Dito por um Louco.
Trechos retirados de "Nostalgia", filme de Tarkovski, escrita livremente adaptada.
FONTE: http://mocinhabraba.blogspot.com
Obrigado, moça!
sexta-feira, 28 de agosto de 2009
ZZZ
segunda-feira, 3 de agosto de 2009
Oinc!
Os momentos ruins por quais passaram a nossa existência na Terra ao menos serviram para refletir, de consolo; para reforçar a idéia de que estávamos fazendo merda mesmo. Pena essa memória não se manter sempre. Enquanto nos lamentamos, eles redescobrem a cura para todo o mal: pague bem.
quarta-feira, 15 de julho de 2009
Andando na lua
O que virou do nascer do sol?
E a chuva?
O que virou de tudo
Que você disse que iríamos ganhar?
E os campos de extermínio?
Vamos ter um descanso?
E o que vai virar de tudo
Que você disse que era meu e teu?
Você já parou pra pensar
Sobre todo o sangue derramado?
Já parou pra pensar
Que a Terra, os mares estão chorando?
O que fizemos com o mundo?
Olhe o que fizemos
E a paz
Que você prometeu a seu único filho?
O que virou dos campos floridos?
Vamos ter um descanso?
O que virou de todos os sonhos
Que você disse serem teus e meus?
Você já parou pra pensar
Sobre todas as crianças mortas com a guerra?
Eu costumava sonhar
Costumava viajar além das estrelas
Agora já não sei onde estamos
Embora saiba que fomos muitos longe
Michael Jackson - Earth Song
sábado, 20 de junho de 2009
Fama pra que te quero
Difícil é ficar famoso por aqui. O pessoal faz de tudo. Literalmente tem que rebolar. Se tiver o “talento” necessário para isso, basta adotar um nome de fruta e arranjar um bom contato que a coloque nos interessantíssimos programas de sábado à tarde na televisão aberta. A lente olho de peixe e o ângulo já consagrado em baixo das saias realçarão o “potencial artístico” que uma fotografia menos intimista poderia esconder.
E que importância tem esse “bom contato”; alguém que saiba o telefone de alguém, que conheça um, que trabalha em tal lugar, que é amigo de outro, que pode tentar chegar o mais perto possível do ser iluminado que vai conceder a fama tão cobiçada para o até então desconhecido. Depois do demorado processo, tem-se cerca de um mês para elaborar um espetáculo de 30 segundos. O horário é “nobre”, claro, por isso; escasso. Caso trate-se de literatura ou música, o procedimento é diferente: o apresentador balofo do programa dedicará cerca de meio segundo, ou quem sabe até segundo inteiro divulgando sua obra, juntamente com mais 33 sucessos da nova ordem artística. Para os desesperados que esgotaram todas as possibilidades de estrelato nesse horário, a esperança agora pode ser depositada nos herdeiros dos famosos frustrados: com uma câmera amadora, grava-se seu filho, de óculos escuros, trocando a mamadeira pelo microfone, ou simplesmente chutando o saco de seu pai enquanto treina para ser o novo fenômeno do futebol.
Porém, para os que levam a sério a máxima de que o brasileiro nunca desiste, ainda resta a heróica opção. Mas ela é tão difícil de acontecer, tão difícil, que só pode ter a predestinação ao estrelato como explicação aceitável. A questão é estar, como todo bom início de carreira, no lugar certo e na hora certa. Em outras palavras, no avião certo e na hora final. A passagem sem volta é somente para os sortudos que com o fim de suas vidas alcançarão a glória da reportagem de última hora, do especial no horário nobre, da comoção nacional. Os segredos por trás do desastre tomarão conta das discussões de esquina, das revistas de fofoca, dos comentários oportunos da falta de assunto. Enfim, findados todos os ganchos para os próximos capítulos do drama, aí destacando-se a caça a caixa preta, o quebra cabeça encantador desenvolvido e publicado pelos especialistas em computação gráfica a cada pedaço encontrado, assim como posteriores filmagens de enterros simbólicos; tudo será reunido e reconstruído cenograficamente, nos mínimos detalhes, para homenagear e confortar as famílias das mais novas celebridades garimpadas por nossa atenta mídia. Eis a fórmula certeira da fama.
sexta-feira, 5 de junho de 2009
O primeiro
Que encrenca arrumei! Resolvi abrir um blog. Você sabe, essas páginas na internet que as pessoas usam para ficarem famosas, entre outras coisas, como transcrever suas vidas em formato html, resmungar publicamente sobre o que convir, expressar suas opiniões, derramar seus desabafos, alegrias, angústias, expectativas, enfim, o que der na telha, como me aconselhou uma amiga, depois que pedi umas dicas de como usar essa modernidade.
Tamanha é minha inspiração nos últimos tempos que o blog está aberto há uns dois meses, no mínimo, e até este post; nada. O problema também reside no infortúnio que é ter idéias em momentos inoportunos. Porém, infelizmente tenho de confessar que são neles que mais ocorrem essas idéias, pensamentos que ficariam melhor escritos do que mal talhados na minha memória que é altamente seletiva, e que teima em selecionar as coisas erradas.
Primeiramente, gostaria de tentar explicar o porquê desse blog, e , ao mesmo tempo tentar dar uma significância a mais a ele, já que o fiz, a princípio, com a intenção de exercitar a minha escrita. Sinto que tenho muitas idéias que considero boas para textos -algumas nem perto disso chegam- mas nunca ou muito pouco as ponho para fora. De tanto acúmulo, meu médico interior, aquele que todos têm, e que geralmente nunca está de acordo pleno com o diplomado, dizia que eu precisava de uma válvula de escape. Então, depois de ver algumas coisas não muito interessantes por esse mundo virtual, pensei; por que não? Resolvi abrir a janela e começar a falar, seja lá o que sair, para que o vento carregue tudo isso para algum lugar, seja lá onde for.
Até mais!